Sun. Dec 22nd, 2024

A banda tONT, formada por produtores talentosos e com uma vasta gama de influências musicais, tem se destacado pela sua abordagem inovadora e colaborativa na criação de suas músicas. Em entrevista exclusiva à Energy Mag, os membros da banda compartilharam insights sobre o processo criativo por trás de seu mais recente single, “Bae“. Taynã, um dos integrantes, explicou como a melodia cativante que originou a canção surgiu espontaneamente e foi rapidamente desenvolvida através de trocas no WhatsApp, destacando a fluidez e a sinergia que definem a colaboração na tONT.

Além do processo de criação, a banda também discutiu a transição desafiadora de compor letras em inglês com a Fleeting Circus, banda anterior de alguns integrantes atuais da tONT,  para escrever em português atualmente. Com influências que vão do indie europeu à música brasileira, e uma sonoridade que mistura bateria real com 808, “Bae” é um exemplo claro da habilidade da tONT de criar músicas autênticas e impactantes. 

Vocês mencionam que “Bae” surgiu a partir de uma melodia que não saía da cabeça do Taynã e que se desenvolveu rapidamente através de trocas no WhatsApp. Podem nos contar mais sobre esse processo criativo e como a colaboração entre vocês flui na tONT?

Taynã – O processo criativo veio até antes da ideia de criar uma banda. Como somos todos produtores, com diversas referências e a vontade de explorar ritmos diferentes, quase toda ideia vira música. Pode virar trilha sonora, transição, flow eletrônico e quando vemos que há potencial de canção até uma música Pop. Temos um estúdio onde fazemos os encontros para ensaios, mas no processo de finalização das músicas fazemos encontros online para pensar nas edições, o que pode estar faltando ou sobrando. O que mais importa pra gente é a troca que temos, e se as músicas nos tocam, porque não jogar pro mundo? 

A transição de escrever músicas em inglês com a Fleeting Circus para compor em português com a tONT foi um desafio. Como foi esse processo de adaptação e quais foram as maiores dificuldades e surpresas ao escrever a letra de “Bae” ? 

Lucas Faria – A transição para escrever letras em português foi um desafio porque depois de muitos anos compondo em inglês, já estávamos acostumados. Com letras em português precisávamos de um tempo de adaptação até chegar num ponto em que nos sentimos confortáveis com a mensagem. O processo para se chegar a letra de Bae foi bem colaborativo. Contamos com a ajuda da Anna Guida (esposa do Taynã), que é arteterapeuta e participou dessa fase de criação. Todos da banda nos encontramos algumas vezes. Conversamos sobre o que a música e arranjos nos faziam sentir e fomos verso a verso construindo um sentido comum. A surpresa foi ver como uma letra em português pode ser tão direta em significado e acho que por ser um idioma mais próximo, a impressão é que a letra fica mais na cabeça também. Nos sentimos mais vulneráveis, mas ao mesmo tempo isso revela mais da gente e pode criar uma conexão mais próxima com quem ouve. Mesmo antes do lançamento, a recepção tem sido boa. Gostamos muito do lugar que chegamos com essa música. 

A sonoridade de “Bae” mistura elementos de bateria real com 808, e tem influências do indie europeu e da música brasileira. Como vocês chegaram a essa combinação única e quais artistas ou gêneros foram inspirações para a criação desse single? 

Diego – Temos ouvido muitos artistas como James Blake, Four Tet ou Burial que fazem essa mistura. A MPC e a 404 dão uma textura única e bem característica nos samples, a compressão que elas têm é incrível e a gente adora. E a 808 dá esse peso extra que o beat pede para ficar mais moderno e soar mais potente em sistemas de som grandes. Mas não queremos soar como nada em especial, a gente simplesmente sai fazendo com confiança no bom gosto, só isso. Se gostamos, tá bom. 

O clipe de “Bae” é descrito como uma representação da simplicidade e honestidade da banda, mostrando um dia de ensaio. Qual foi a ideia por trás dessa escolha visual e como vocês acreditam que isso reflete a essência da tONT? 

Rodrigo – Eu e o Taynã tivemos uma produtora audiovisual e trabalhamos muito tempo com produção de clipes e live sessions. Sempre valorizamos muito o conceito do “do it yourself”, e foi pensando nisso que decidimos fazer um clipe para Bae da maneira mais simples possível. Juntamos algumas câmeras e celulares, arrumamos o cenário, e filmamos dois takes nossos tocando a música. A partir dessas imagens, editamos o clipe. Como fizemos tudo por conta própria, acreditamos que isso mostra às pessoas que assistirem a essência e verdade do que estamos propondo artisticamente, da forma mais honesta possível.

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