Sun. Dec 22nd, 2024

Bia Mendes, conhecida por seu talento à frente de Os Mutantes, lança uma nova interpretação do clássico “Com Mais de 30”, faixa de 1971 composta por Marcos Valle, que chega aos aplicativos de música no próximo dia 29 de novembro pela Marã Música.

Em seu trabalho solo, o álbum “Salve Simpatia”, Bia mergulha em uma jornada artística que há muito vinha sendo desenhada: a vontade de dar vida a um projeto que explorasse as raízes da música brasileira sob um olhar fresco e contemporâneo.

“Com Mais de 30” foi escolhida não só pela importância histórica da composição, mas também por sua mensagem. Composta em um período de repressão e censura, a música carrega o espírito de inquietação e resistência dos jovens daquela época. Para Bia, é uma obra que “atravessou décadas e segue atual, uma música com alma de protesto que se reinventa e permanece poderosa.” Sua releitura traz um toque psicodélico, sem perder a essência original, que critica o consumismo e o autoritarismo.

A escolha de incluir “Com Mais de 30” no projeto exigiu um processo minucioso de liberação de direitos, sendo uma das poucas faixas para a qual o próprio Marcos Valle solicitou ouvir a gravação antes de conceder sua aprovação.

Bia Mendes, cujo nome é sinônimo de inovação e originalidade no cenário da música brasileira, passou por experiências que moldaram seu estilo, desde suas primeiras aulas de violão ainda na infância até sua colaboração com grandes ícones como Rita Lee. Seu trabalho com Os Mutantes, banda que marcou a história do rock brasileiro, permitiu que ela se aprofundasse nas raízes da música nacional e levasse esse legado adiante. 

Para saber todos os detalhes deste novo lançamento e a musicalidade brasileira da artista, confirma uma entrevista exclusiva:

Como foi o processo de trazer uma nova roupagem para “Com Mais de 30”, uma música com uma mensagem tão forte e histórica? Você sentiu algum desafio em equilibrar o toque psicodélico com a essência original da faixa?

Não… A parte psicodélica foi só um respiro em meio ao protesto, que se manteve na estrutura da canção… Exatamente como acontecia na época, psicodelia e protesto caminhavam pelas mesmas ruas…

No álbum Salve Simpatia, você homenageia a diversidade e riqueza da música brasileira. Quais elementos e influências você buscou integrar para criar uma visão fresca e contemporânea dessa musicalidade?

Uma espécie (genuína) de mixar nossos ritmos regionais com o pop, o rock, o alternativo… A mistura acabou em um neo tropicalista despretensioso.

O próprio Marcos Valle pediu para ouvir sua versão de “Com Mais de 30” antes de aprovar a liberação da faixa. Como foi essa experiência para você, e qual foi sua reação ao receber a “bênção” do autor?

Primeiro eu assustei; nenhum outro autor tinha pedido. Em geral costuma ser uma liberação feita pelas gravadoras de forma bem comercial. Ao saber que ele tinha aprovado fiquei feliz, tipo aprovação de TCC pela banca… (risos)

Durante seu tempo com Os Mutantes, você aprofundou suas raízes na música brasileira. Como essas experiências influenciaram a criação de Salve Simpatia e seu olhar sobre a música brasileira como um todo?

Eu sempre tive uma veia pop, mas muito vinculada à MPB. Nas longas viagens de carro com a família as fitas cassete (gravadas) sempre nos acompanharam. Eram bem ecléticas…

Quando recebi o convite do Sérgio Dias pra ser a vocalista da nova formação da banda logo respondi: “Você sabe que não sou uma cantora de rock, não é?” e ele respondeu que precisava de uma vocalista de MPB que cantasse rock. Ao final eu descobri que gostava mais de rock do que imaginava (risos).

O projeto Salve Simpatia é um reflexo dessa cantora apaixonada pela acústica da MPB e ouvinte do pop e seus acordes elétricos. Devo ser uma vira-lata desse mix…

Veja também