Sun. Dec 22nd, 2024

Nos labirintos da música eletrônica brasileira, poucos nomes brilham com tanta intensidade quanto o lendário DJ Anderson Noise.

Reconhecido não apenas como um dos pioneiros do movimento techno no país, mas também como um visionário que desafia constantemente os limites do som, Noise continua a surpreender e inspirar com sua arte.

Recentemente, o renomado artista lançou seu mais recente EP intitulado “Mamma Noise”, uma obra que ecoa sua genialidade musical de maneiras emocionantes. Com uma mistura habilidosa de batidas pulsantes, melodias envolventes e texturas sonoras inovadoras, este EP é uma jornada hipnótica através dos reinos da música eletrônica contemporânea.

“Mamma Noise” chegou pelo selo 23rd Century DGTL, da lenda da música eletrônica Carl Cox. As faixas foram produzidas em outubro, mas somente no dia 9 de dezembro, durante a festa Ritual de Ratier no Surreal Park, onde Cox estava terminando seu set e Anderson estava prestes a começar, que ele recebeu um grande abraço de Cox e ali mesmo ele afirmou que lançaria as faixas pelo seu selo.

Nesta entrevista exclusiva, temos o privilégio de mergulhar no mundo sonoro de Anderson Noise, explorando os bastidores de seu processo criativo, os desafios enfrentados na indústria da música eletrônica e, é claro, “Mamma Noise” e Carl Cox. Prepare-se para uma viagem fascinante através dos ritmos e batidas que definem a essência deste ícone da música eletrônica brasileira.

Foto: @diegoruahn

Como você enxerga a evolução da cena da música eletrônica no Brasil ao longo dos anos, e qual é o papel que você acredita desempenhar nesse cenário?

A evolução da cena da música eletrônica no Brasil ao longo dos anos tem sido impressionante e notável em escala global. A rica diversidade cultural do país, aliada ao talento excepcional de nossos artistas, contribuiu para colocar o Brasil no mapa da música eletrônica mundial. Além disso, a paixão e o entusiasmo do público brasileiro por essa forma de arte têm sido fundamentais para impulsionar o crescimento e a vitalidade da cena.

Quanto ao meu papel nesse cenário, acredito que tenho buscado contribuir para a cena da música eletrônica brasileira de várias maneiras. Ao longo dos anos, através de minhas performances, produções musicais e iniciativas como o selo Noise Music, tenho trabalhado para promover e apoiar talentos locais, além de colaborar com artistas internacionais para fortalecer os laços entre as comunidades musicais ao redor do mundo.

Para aqueles interessados em entender melhor meu papel na cena, recomendo a leitura de minha biografia “O Barulho da Lua”, escrita por Claudia Assef.

Com uma carreira tão prolífica, quais são os principais desafios que você enfrentou ao longo do caminho e como os superou?

Durante minha carreira, encontrei vários desafios significativos, mas um dos mais marcantes foi a transição para a era digital, especialmente com a chegada do MP3. Nesse momento, percebi a importância de estar atento às inovações e adaptar-me às mudanças do mercado. Inicialmente, resisti à ideia de abandonar o formato de vinil, especialmente considerando o sucesso do meu selo, Noise Music, que tinha uma presença significativa em todo o mundo. No entanto, com o tempo, compreendi que era essencial explorar novos horizontes na era digital.

Ouça o novo EP de Anderson Noise, “Mamma Noise”:

Você é conhecido por ser um dos pioneiros da cena eletrônica brasileira. Qual conselho você daria para os jovens artistas que estão começando suas carreiras na indústria da música eletrônica hoje em dia?

Em vez de se compararem constantemente com os grandes nomes da cena, concentrem-se em respeitar e aprender com o trabalho deles. Cada artista tem sua própria jornada e seu próprio ritmo de crescimento. Além disso, não subestimem a importância de celebrar cada conquista, por menor que seja. O sucesso na música não deve ser apenas sobre alcançar fama ou reconhecimento, mas sim sobre fazer o que se ama e acredita. O mais importante é dedicar-se ao seu trabalho com paixão e autenticidade, mesmo quando parece que ninguém está prestando atenção. Lembre-se de que cada esforço contribui para sua jornada, mesmo que não seja imediatamente reconhecido. Mantenham-se persistentes, fiéis a si mesmos e continuem a aprimorar suas habilidades e expressão artística.

Além de suas performances e produções musicais, você também é fundador do renomado selo de música eletrônica Noise Music. Como você vê o papel dos selos independentes na promoção de novos talentos e na sustentabilidade da cena musical eletrônica?

Os selos independentes desempenham um papel crucial na promoção de novos talentos e na sustentabilidade da cena musical eletrônica. Eles servem como uma plataforma vital para artistas emergentes, proporcionando-lhes oportunidades de exposição e apoio para desenvolverem suas carreiras. Selos bem-curados desempenham um papel fundamental ao selecionar talentos promissores e integrá-los em line-ups de clubes, festas e festivais, ajudando a moldar o cenário musical.


O Noise Music, por exemplo, celebra seu 25º aniversário em 19 de abril deste ano e tem sido um trampolim para inúmeros artistas ao longo de suas duas décadas de atividade. Reconhecido como o primeiro selo de techno brasileiro, o Noise Music tem desempenhado um papel pioneiro na promoção de talentos locais e na projeção da cena eletrônica brasileira no cenário global.

Foto: @diegoruahn

Sua longa amizade com Carl Cox é conhecida na cena da música eletrônica, e recentemente ele lançou seu EP “Mamma Noise” através de seu selo. Como foi a colaboração neste projeto e qual você acredita que seja o impacto desse tipo de apoio de artistas consagrados para a carreira de outros artistas também consagrados (como é o seu caso) ou emergentes (como às vezes vemos acontecer) na indústria da música eletrônica?

O Carl Cox sempre mostrou sua generosidade e apoio às minhas faixas foram inestimáveis, e o lançamento do EP “Mamma Noise” através de seu selo representa um marco significativo para mim, alem de abrir novas portas e oportunidades.

Acredito que o apoio de artistas consagrados, como Carl Cox, a outros artistas, seja eles consagrados ou emergentes, desempenha um papel fundamental na evolução da indústria da música. Quando figuras influentes da cena endossam e colaboram com talentos emergentes, isso não apenas valida sua arte, mas também os eleva a um patamar mais elevado. Esse tipo de apoio não só beneficia individualmente os artistas envolvidos, mas também contribui para a vitalidade e diversidade contínuas da cena eletrônica, inspirando uma nova geração de talentos a buscar excelência e inovação.

Foto: Arquivo pessoal

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