Murilo Muraah, que estampa a nova capa digital da Energy Mag, comemora a chegada do novo single “Despertar”, disponível em todas as plataformas digitais pela Marã Música. A faixa inaugura uma nova fase do artista, marcada por uma sonoridade plural e por uma profundidade poética que une filosofia, espiritualidade e música contemporânea. Em meio a beats pulsantes, timbres orgânicos e arranjos que atravessam fronteiras sonoras, Muraah propõe uma experiência sensorial que convida o ouvinte à reflexão.
Com influência de ritmos latino-americanos, afrobeat e da música paraense, Muraah cria um encontro entre o ancestral e o moderno, explorando temáticas de presença, consciência e unidade. A canção também marca o início de uma trilogia produzida por Pedro Bienemann, que aprofunda essa nova fase estética e conceitual. A participação dos backing vocals livres de Bjanka adiciona camadas intuitivas e experimentais, ampliando as texturas e nuances que caracterizam o trabalho.
Em entrevista exclusiva, ele conta sobre como conceitos filosóficos, especialmente leituras de Nietzsche e reflexões sobre espiritualidade coletiva, guiaram a composição da letra, que enxerga o despertar não como um feito individual, mas como um movimento compartilhado. O artista também comenta o simbolismo presente no futuro videoclipe, que dialoga com metáforas do nascer do sol, do caminhar humano e da interconexão entre todas as coisas, além de referências ao cinema e à literatura que moldaram a narrativa visual do projeto.
Com uma carreira que atravessa o underground, o circuito alternativo e projetos sociais, Muraah chega a esse lançamento com maturidade artística e uma fusão de influências que vão de Mutantes e Jorge Ben a Chico Science e Red Hot Chili Peppers. “Despertar”, afirma ele, representa seu trabalho mais forte até agora, um convite à autenticidade, à liberdade e a uma consciência mais ampla, refletindo sua jornada entre música, filosofia e busca por conexões reais.

Confira agora mais detalhes em um bate papo exclusivo:
O que esse novo single “Despertar” representa pra você nesse momento da sua carreira?
Despertar me permitiu mergulhar numa sonoridade mais influenciada pela música brasileira e latino-americana, é a música mais percussiva que já lancei. Esse convite à dança reforça a identificação, presente na letra, do ser humano com a natureza, a afirmação da natureza que somos. Essas ideias e sons introduzem novas possibilidades a serem exploradas, com suas belezas e desafios.
A música mistura ritmos latino-americanos, afrobeat e referências do Norte do Brasil. Como você chegou nessa combinação sonora?
Meu processo de composição é bastante orgânico. Em geral, escrevo a letra primeiro, expressando sentimentos e aprofundando ideias e visões de mundo. A composição musical vem depois, algumas vezes improvisando o canto sobre a letra, outras a partir de ideias musicais que surgem no violão, guitarra ou teclado. No momento da composição, não me preocupo em identificar gêneros ou caminhos musicais pré-estabelecidos, apenas vou seguindo o que acho que a música pede. Dessa forma, minhas influências vão aparecendo e se misturando com bastante liberdade. Essa mesma liberdade está presente no trabalho do Pedro Bienemann, que produziu Despertar, e dos músicos que participaram das gravações. As influências deles foram tão bem-vindas quanto as minhas e enriqueceram bastante a música.

A letra fala sobre presença, consciência e conexão. O que mais te inspirou enquanto escrevia “Despertar”?
A letra surgiu a partir de uma leitura de Assim Falou Zaratustra, do Nietzsche. Acho belíssimas as metáforas do nascer do sol e do caminhar para o Grande Meio-Dia, que entendo como o ponto onde o ser humano atingiria a plenitude de sua capacidade criativa e compreensão – o “Além-do-Homem” que Zaratustra anuncia. Apresento na música o despertar espiritual não como uma conquista individual transcendental, mas como uma tomada de consciência coletiva, construída pela humanidade em sua constante busca por ir além de si mesma e vivenciada das mais variadas formas, tendo a profunda conexão com o momento presente como ponto em comum, seja por meio da arte, da filosofia, da ciência, de experiências místicas, etc. Estar desperto, para mim, é estar presente, aqui e agora, não à espera de promessas sobrenaturais que tantas vezes são vendidas como salvações individuais.
O clipe tem elementos bem simbólicos, como o fauno e a corda que te puxa. Como foi pensar e gravar essas cenas?
O fio condutor do clipe foi outro trecho de Assim Falou Zaratustra, a imagem forte de que o homem é uma corda esticada entre o animal e o Além-do-Homem. O fauno representa o animal, a conexão do ser humano com a natureza, enquanto nosso estado atual é representado por um consumismo massacrante. A corda que puxa cumpre um papel parecido com o monolito no filme 2001 – Uma Odisseia no Espaço, de Kubrick, pontuando momentos de tomada de consciência da humanidade. O filme é outra grande inspiração para Despertar, bem como o poema sinfônico Assim Falou Zaratustra, de Richard Strauss, que tem papel marcante na trilha do filme, tendo sido ambos influenciados pela obra de Nietzsche. Esse foi meu terceiro trabalho audiovisual com a equipe da Fruuto, sob a direção de Rodolfo Lacerda. Desde a pré-produção até o dia da gravação, a equipe contribuiu muito com o direcionamento criativo e construiu um ambiente de trabalho acolhedor. Estar próximo à natureza, na Serra da Cantareira, também ajudou a criar o clima que a música pedia.

