Sat. Jul 5th, 2025

A banda Broken Gate estampa a nova edição da nossa capa digital. No dia 4 de julho, os fãs de rock nacional ganham um presente de peso: “Ramona”, novo single que une a energia crua da Broken Gate com a experiência e irreverência dos veteranos Autoramas. A faixa chega a todos os aplicativos de música pelo selo Marã Música e promete conquistar logo na primeira ouvida. Em entrevista exclusiva, eles revelam mais detalhes sobre o lançamento e a parceria.

Direta, dançante e com riffs marcantes, “Ramona” traz uma sonoridade que combina as principais características das duas bandas, resultando em um rock moderno, enérgico e carregado de atitude. A faixa ainda carrega uma boa dose de ironia em sua letra, que reflete sobre a idealização de relacionamentos, abordando o arquétipo de Manic Pixie Dream Girl, figura recorrente em filmes românticos.

Desde o início da composição, a Broken Gate, duo de Juiz de Fora (MG), ativo desde 2016 e conhecido por seu som cru e direto, com influências que vão de Royal Blood a Queens of the Stone Age, pensou em criar algo que dialogasse com o estilo dos Autoramas.

O convite foi aceito prontamente pelos Autoramas, uma das bandas mais influentes da cena independente brasileira, com sete álbuns lançados e turnês em países como Japão, EUA, México e boa parte da Europa. Conhecidos por misturar garage rock, punk, bubblegum pop dos anos 60 e new wave com uma estética retrô-futurista, eles trouxeram novas ideias e somaram na produção da faixa, potencializando ainda mais a mistura de estilos.

Além do lançamento nas plataformas, a faixa também ganhará um videoclipe, com estreia prevista para o início do segundo semestre. A expectativa é alta para transformar em imagem toda a energia que “Ramona” carrega em som.

Confira a entrevista exclusiva:

“Ramona” marca o encontro entre duas gerações do rock nacional. Como foi, na prática, dividir esse processo criativo com uma banda tão icônica quanto os Autoramas?

Foi uma experiência incrível! Somos fãs do trabalho Autoramas há muitos anos. Poder ter essa troca artística com uma banda histórica da cena musical brasileira foi muito marcante pra gente. Foi um processo muito legal, onde as ideias de todos foram se encaixando na música de maneira muito livre e natural. E acho que tudo isso foi ajudado pelo fato dos integrantes das duas bandas se darem super bem, então o clima de trabalho foi ótimo do início ao fim.

A faixa traz uma letra bem irônica sobre a idealização de relacionamentos e o arquétipo da Manic Pixie Dream Girl. De onde veio a inspiração para abordar esse tema de forma tão sarcástica e dançante ao mesmo tempo?

A inspiração veio, sobretudo, de pensar em algo que se encaixasse na vibe musical e estética do Autoramas. A banda tem diversas músicas dançantes, e isso era algo que queríamos na sonoridade do single: ter essa pegada de rock dançante, que contagia o público de cara. Além disso, um ponto que sempre achamos muito interessante do Autoramas é como eles têm uma estética marcante e muito própria, com uma pegada retrô. Então, pensamos que seria legal uma composição que conversasse com todo esse universo estético, além de letras deles. Foi aí que a ideia de escrever sobre relacionamentos, trazendo a referência irônica a um arquétipo clássico do cinema, com uma estética típica, fez todo o sentido.

Vocês mencionaram que músicas como “No Dope” e “Catchy Chorus” serviram de referência para compor “Ramona”. O que mais do universo sonoro dos Autoramas influenciou vocês nessa faixa?

Podemos listar algumas coisas aqui. A pegada dançante de várias outras faixas ao longo da carreira da banda, com baterias cadenciadas e a utilização de pandeirola. Os timbres de guitarra e baixo bem trabalhados e marcantes. O uso do vocal e backing vocals femininos. Ou seja, vários elementos que são parte da constituição da linguagem do Autoramas. Além das próprias letras, com uma pegada direta, ajudando a criar uma conexão com o público.

Desde a mudança de nome em 2020, a Broken Gate vem se firmando como uma das bandas mais originais do rock alternativo brasileiro. O que vocês acham que “Ramona” representa dentro da trajetória de vocês até aqui?

Primeiramente, ficamos muito felizes de sermos vistos como uma banda que vem entregando originalidade. Nosso processo criativo sempre veio muito de fazer as coisas à nossa maneira, e é legal que essa seja a impressão que está sendo passada. Consideramos isso um grande elogio. “Ramona” representa um dos momentos mais importantes de toda a nossa carreira (talvez, o mais importante). Esse trabalho reflete um momento de maturidade da banda, onde temos segurança do que é a nossa identidade musical e como podemos trabalhar a nossa identidade e a nossa linguagem dentro da música, tanto sozinhos quanto com outros artistas. E ter essa capacidade de dialogar com outros artistas chancelada por uma banda do tamanho do Autoramas é algo extremamente marcante. Eles terem aceitado o nosso convite pra fazer essa música, é um reconhecimento enorme do nosso trabalho. E agora temos as melhores expectativas de até onde esse som pode chegar.

Sobre os artistas:

Desde que mudou de nome em 2020, após anos atuando como Double Shot, a Broken Gate tem se consolidado como um dos nomes mais originais do rock alternativo brasileiro. Com o álbum “Fake North” (2021), lançado pelo selo Dinamite Records, o duo mostrou sua capacidade de misturar stoner rock, delta blues e garage rock com identidade própria. O trabalho teve boa repercussão em veículos nacionais (como as prestigiadas rádios Kiss FM e 89 FM) e também foi destaque em blogs especializados e rádios independentes do Reino Unido, consolidando o nome da banda além das fronteiras brasileiras.

Já os Autoramas seguem firmes como referência máxima do rock independente brasileiro. Descritos pela loja britânica Rough Trade como “a banda independente mais importante do Brasil”, eles foram o primeiro grupo brasileiro a se apresentar no festival Vive Latino, no México, e seguem em constante atividade, inclusive com sua 15ª turnê europeia em vista.

“Ramona” chega no dia 4 de julho e marca não só a união de duas bandas de gerações diferentes, mas também a celebração de um rock que segue vivo, inventivo e, acima de tudo, autêntico.

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