O cantor e compositor Mochita, lança seu novo single, “Quiet”, nesta sexta-feira, pela Marã Música. A faixa, que traz uma mistura envolvente de folk contemporâneo e introspecção lírica, mergulha nas profundezas da mente humana, explorando os impactos dos pensamentos repetitivos e o processo de busca por tranquilidade. Em entrevista exclusiva à Energy Mag, Mochita revelou que “Quiet” nasceu de suas experiências com meditação e a prática de observar seus pensamentos de forma desidentificada, buscando inspiração na conexão com a natureza para silenciar a mente. Conhecido por sua versatilidade artística, ele tem uma trajetória musical marcada por influências que vão desde o rock de bandas como Red Hot Chili Peppers até o folk intimista de artistas como Damien Rice. “Quiet” surge como uma peça-chave em sua evolução musical, evidenciando sua capacidade de unir sonoridade orgânica e emoção crua.
Ao longo da carreira, Mochita sempre buscou formas autênticas de expressão, passando por uma fase inicial no rock com a banda Mushgroom e, agora, solidificando sua jornada solo. “Quiet” não é apenas uma canção, mas uma reflexão profunda sobre o silêncio interior e a contemplação do mundo natural ao redor. Com uma produção delicada que utiliza percussões em vez de bateria tradicional e o uso emotivo de violoncelo, a música promete tocar o ouvinte de forma única. Na entrevista, Mochita compartilhou detalhes sobre a criação da faixa e como sua formação em Artes Visuais e experiência no cinema influenciam diretamente sua abordagem musical. Com “Quiet”, ele continua a explorar novos territórios musicais, deixando uma marca pessoal no cenário da música brasileira.
Fotos: Claire Egan
Você mencionou que “Quiet” aborda o impacto dos pensamentos repetitivos na nossa percepção do mundo. Como essa reflexão surgiu e de que forma a natureza se conectou à sua busca por tranquilidade nessa canção?
Esse entendimento surgiu a partir da meditação, e principalmente na técnica de observar os pensamentos de maneira um pouco mais desidentificada. É louco como a nossa mente é barulhenta e desorganizada, mas quando a gente ta no modo automatico nao da pra perceber como os pensamentos estao causando emocoes negativas, ruminacao, e perda de energia. Pra sair desse emaranhado, eu tenho o costume de andar focando nos sentidos ao invés dos pensamentos: por exemplo, prestando atenção nos sons, nas cores, arvores, prédios, o que quer que seja que esteja acontecendo ao meu redor. Isso aguça a minha percepção e silencia a mente e os pensamentos numa certa medida.
Sua trajetória musical começou muito cedo, com a guitarra aos 11 anos, e foi fortemente influenciada por bandas de rock como Red Hot Chili Peppers e Guns N’ Roses. Como essas influências moldaram o artista que você é hoje, especialmente em um single mais introspectivo como “Quiet”?
Guns N’ Roses eu praticamente parei de ouvir no ensino fundamental, e apesar de ter sido a minha maior influencia, desde então, eu praticamente não ouço mais. De qualquer maneira, deve ter moldado um pouco a minha percepção musical, mas não vejo nenhuma influencia direto em relação a “Quiet”. Já o Red Hot é uma influencia mais constante, dependendo do meu humor, acabo gravitando de volta pros discos clássicos. Eu vejo uma certa influencia do John Frusciante no solo de “quiet”, com um timbre mais limpo e tosco. Alem disso, o Red Hot me influenciou na maneira que eu penso os backing vocals, principalmente os mais agudos.
O uso do violoncelo e a escolha das percussões, ao invés de uma bateria tradicional, deram um toque emocional e orgânico a “Quiet”. Pode nos contar um pouco sobre como esses elementos foram incorporados à produção e o que você esperava alcançar com essas escolhas?
Sinceramente, a percussão foi uma idea do produtor, depois de ouvir a demo. E acredito que foi a escolha certa: essa é uma das primeiras musicas que gravo nessa pegada mais folk pop, e deu uma textura bem interessante, deixando bastante espaço pra ambientação na voz. Já o violoncelo, que no caso é digital, sempre foi um dos meus instrumentos favoritos. Eu gosto do som “raspado” e grave, e aumenta um pouco a tensão emocional.
Você tem uma formação em Artes Visuais e já teve uma experiência no cinema. De que maneira essas outras formas de expressão artística influenciam sua abordagem à música, especialmente em sua carreira solo?
Eu sempre achei que eu seria um músico melhor pelo contato com as artes visuais do que se tivesse me formado em musica. Nao no sentido tecnico, claro: certamente seria um musico mais tecnico e com um repertorio maior se fosse formado em musica. Porem, todo o aspecto semiótico, de trabalhar com conceitos, símbolos, e de como cada elemento musical gera associações mentais, ate simbólicas, que evocam certo cenário, sentimento, toda essa dimensão eu acredito que aprimorei na minha formação de artes e trago como bagagem na minha expressão musical.