Sat. Sep 13th, 2025

A cantora e compositora Lara Orin, que estampa a nova capa digital da Energy Mag, lança o single “Fanbase”, pela Marã Música, que ganha videoclipe já disponível no YouTube. Mais que uma faixa, a música chega como um grito da cena independente, um manifesto sobre pertencimento, inclusão e resistência no hip-hop. Em entrevista exclusiva, ela revela detalhes sobre o trabalho!

A canção nasceu de forma espontânea durante um after no estúdio da artista em São Paulo, ao lado do produtor Pedrones.

Com letra inspirada nas vivências intensas da fanbase em afters e no estilo de vida que cerca a cena (parcerias, publicidade, conexões e encontros), “Fanbase” reflete o cotidiano underground e transforma o que poderia ser algo do dia a dia do artista em discurso artístico.

O lançamento vem acompanhado de clipe oficial, sob direção de Lucas Baldasso. Gravado em Curitiba, o processo envolveu uma verdadeira jornada de bastidores.

LGBTQIAP+, feminista e autista, Lara Orin encontrou na música um porto seguro, uma forma de cura e de inclusão profissional. O que começou como refúgio pessoal tornou-se arma de expressão e militância, conectando sua trajetória a pautas sociais urgentes. Nascida em São Paulo, iniciou sua trajetória cantando em bares de MPB, sertanejo e pop rock nacional. Com o tempo, foi no trap que Lara se encontrou de forma definitiva, trazendo potência e verdade para sua voz. Em 2022, passou a frequentar estúdios da cena e conectou-se a gravadoras, dando início ao projeto coletivo Orin.

Suas influências passam por Rihanna, Masego, Don L, Duquesa, Yago o próprio, Cynthia Luz, CJ, Criolo e Major RD. Depois de lançar “Jura” e “Vontade” pela AlmaViva em parceria com a Warner, Lara abre uma nova etapa da carreira, marcada por uma estética mais clara, original e lúdica.

Confira a entrevista com a artista:

Como foi criar “Fanbase” de forma tão espontânea em um after no estúdio?

Primeiramente, foi completamente inesperado que nós produziríamos essa música naquele dia.
Era o lançamento do Pedrones pela LadoZero11, que rolou numa casa noturna em São Paulo chamada no Sigilo. E nós iríamos lá para prestigiar o lançamento, porém, ficou muito tarde, a gente se enrolou com alguns compromissos e quando chegamos já tinha acabado o evento. Aí chamamos o Pedrones para colar no estúdio e fazermos um after. Ele veio gastando uma onda junto com o No Cutty com o Lfelpz, quando começaram a surgir as primeiras notas do que viria a ser “FANBASE”, começamos a brifar a música ali, em um clima descontraído porém com muito carinho e atenção para fazer algo diferente.

Trabalhar com o Pedronis é incrível e muito fácil. Artista super versátil e cheio de ideias além de um ser uma pessoa admirável! Então, quando a gente viu, estava produzindo, fazendo o som, criando junto. Foi tudo muito espontâneo e divertido. Decidimos relatar um pouquinho do nosso lifestyle, do que acontece nos bastidores, da nossa percepção. Dali em diante entregamos para a nossa equipe em todos os demais setores para somar com mais arte o que nasceu ali!

O quanto sua identidade e experiências como mulher LGBTQIAP+, feminista e autista ajudam a moldar sua arte?

Toda a minha narrativa e perspectiva vem intrinsecamente do meu espectro, acredito que isso reflete na forma que eu escrevo, crio líricas e me expresso artisticamente. As pautas feministas e lgbtqiap+ também sempre compuseram a minha história diretamente e representam lutas diária somadas a atos de resistência pessoal e profissional. Uso a arte como forma de protesto, denúncia e testemunho existencial. Também uso como mecanismo de regulação e expurgo. É a maneira que eu encontro para traduzir a forma que eu sinto a vida .

O clipe de “Fanbase” teve vários perrengues e histórias divertidas. Qual foi o momento mais marcante das gravações?

Realmente as gravações foram muito divertidas, mas muito disso vem de transformar os obstáculos em força e nos adaptarmos com humor. O auge foi o dia de ir a Curitiba gravar, que perdemos o ônibus, depois quando conseguimos embarcar no próximo teve um acidente na estrada que fez ficarmos 6h completamente parados sem sinal, perdemos o dia de gravação e não conseguíamos avisar o motivo de não chegarmos para a equipe. Porém a situação rendeu muitas histórias pois todos os passageiros acabaram se dando suporte para passar por aquela situação da maneira mais humana e cooperativa possível. Teve até venda de Big Mac inflacionado, parecia um show de comédia o clima do ônibus. Pedrones com seu bom humor e parceria ajudou a trazer boas risadas que vocês podem conferir nos conteúdos de bastidores !!

Suas referências vão de Rihanna a Criolo. Como essas influências se misturam no seu som atual?

Entendo que tudo que eu já ouvi compõe e influencia minhas ideias através do meu subconsciente somado ao consciente e a nescessidade de expressar e ser entendida, ou seja com certeza as refs são além do que eu consigo pontuar diretamente .

Apesar de eu ter referências internacionais e absorver muito disso, gosto de trazer a “versão brasileira “ aproveitando toda a versatilidade que a nossa musicalidade tem enfatizando principalmente a nossa fonética. Gosto de misturar métricas melódicas e também ritmadas passeando entre o “comercial” e o “underground”. Com refrões marcantes somados a líricas densas e versos cheios de subjetividade e poesia.

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