A atriz, produtora e roteirista Simone Cerqueira, que soma mais de 25 anos de carreira na área cultural, integra o elenco do espetáculo “Candelária”, realização da Trupe Investigativa Arroto Cênico de Nova Iguaçu, pelo Edital de Cultura SESC RJ PULSAR 2023/24. Com direção de Madson Vilela e dramaturgia de Karla Muniz Ribeiro, este é um espetáculo adulto que perpassa pela temática do racismo estrutural no Brasil e é resultado de uma pesquisa cênica sobre a Chacina da Candelária.
No projeto ela dá vida à Purunga, uma criança que vive nas ruas e com todos os perigos à sua volta. A peça é um manifesto que propõe cenicamente uma discussão a respeito da política de embranquecimento social que perdura até hoje no país, e rememora também outros genocídios da população negra. O roteiro transita por três recortes dramatúrgicos referentes a momentos históricos do Brasil. O que esses três momentos têm em comum? Esse é o mote dramático do projeto.
O Grupo, que nos últimos anos vem se firmando como uma das companhias de maior atividade da região, apresenta o espetáculo em 08 unidades do SESC RJ, percorrendo municípios localizados no interior do estado do Rio de Janeiro, como Campos, Teresópolis, Nova Friburgo, Valença e Barra Mansa. O circuito começou no dia 15 de março (sexta-feira), no SESC Campos, em Campos dos Goytacazes – RJ. A próxima apresentação acontece no dia 10 de maio (sexta-feira), às 19h30, no Sesc Teresópolis. Endereço: Av. Delfim Moreira, 749 – Várzea, Teresópolis – RJ, 25953-237
Para saber mais detalhes sobre a personagem, produção e claro, estreia e próximas apresentações, confira uma entrevista exclusiva com Simone! Leia agora:
Como surgiu a oportunidade de integrar o elenco?
O Madson Vilela, nosso diretor, me convidou para fazer um stand-in da personagem Purunga na semana em que eu tinha uma viagem marcada de 15 dias no Noroeste de Minas Gerais. Eu fiquei muito feliz e lisonjeada por fazer parte desse trabalho. Eu parti para uma viagem com um texto debaixo do braço e aproveitei o pouco tempo que eu tinha para decorar o texto.
Fala um pouco sobre seu personagem e a representação dele?
A Purunga é uma criança que vive nas ruas e com todos os perigos e invisibilidade que a situação de rua propõe. Ela cria uma casca de auto proteção, porque ela precisa sobreviver, mas acima de tudo ela precisa ser criança. E é nesse lugar que eu destaco ela, ela só quer brincar, ser protegida e viver como qualquer criança na idade dela.
Como foram as preparações e como você buscou construir este personagem?
Eu tive uma preparação de 30 dias de trabalho. Durante 15 dias em viagem decorei o texto, e os 15 dias seguintes aprendi sobre a movimentação em cena. Foi um processo muito intenso essa construção, porque é a partir da Purunga que ela cria outros personagens dentro da brincadeira com seus colegas. A Purunga é invisível perante a sociedade, inclusive é um perigo para a mesma sociedade que quer eliminar pessoas como ela. Eu mergulhei na minha própria criança que adorava brincar e inventar personagens e busquei notícias sobre as crianças em situação de rua, matérias de jornal e outros veículos de comunicação.
Sentiu algum desafio quanto ao personagem?
Dar vida a um personagem infantil, que sobrevive como adulto e que só quer ser criança é o maior desafio nos palcos e na vida.
Como é para ti, integrar um elenco de uma peça que conta a história da Chacina da Candelária?
Quero contar uma história primeiro… No mesmo dia da chacina da Candelária, minha mãe deu entrada no Hospital Souza Aguiar com um quadro de hipoglicemia altíssimo. O meu tio, que era bombeiro, acompanhava ela na época. Ele chegou a ver os corpos e falar sobre a quantidade de policiais e imprensa dentro do hospital. Eu tinha 15 anos na época e na minha cabeça eu pensava: “Mas era só criança…”. E dar vozes a essas crianças silenciadas, das ruas, das comunidades, do asfalto, de crianças negras e pobres, é gritar para o mundo que elas existem e vão sobreviver em nossas memórias e na nossa narrativa para que um dia toda criança tenha todos os seus direitos respeitados e suas vidas preservadas.
Como foram as primeiras apresentações? Como se sentiu no palco?
A última temporada foi incrível, muitos amigos, colegas, crítica teatral e público em geral que acompanha a trajetória do espetáculo e da Cia Arroto Cênico. No palco eu me senti plena, é um lugar de exercício, de contar mil histórias, algumas com final feliz e outras nem tanto. Eu fico imensamente grata que a nossa história corrobora principalmente para dar voz a personagens invisíveis na nossa sociedade.
Como estão as expectativas para as próximas datas?
O coração pulsa num ritmo de alegria por poder circular por diversos espaços e a gente espera encontrar um público diverso em cada canto que “Candelária” se apresentar.
Confira as datas das próximas apresentações do espetáculo:
10/05/2024 (sexta-feira) às 19h30 – SESC TERESÓPOLIS
Av. Delfim Moreira, 749 – Várzea, Teresópolis – RJ, 25953-237
23/05/2024 (quinta-feira) às 19h – SESC BARRA MANSA
Av. Tenente José Eduardo, 560 – Ano Bom, Barra Mansa – RJ, 27320-430
25/05/2024 (sábado) às 19h – SESC SÃO GONÇALO
Av. Pres. Kennedy, 755 – Estrela do Norte, São Gonçalo – RJ, 24440-490
31/05/2024 (sexta-feira) às 19h – SESC NITERÓI
Rua Padre Anchieta, 56 – São Domingos, Niterói – RJ, 24210-050
01/06/2024 (sábado) às 19h – SESC NOVA FRIBURGO
Av. Pres. Costa e Silva, 231, Centro, Nova Friburgo – RJ, 28630-000
21/06/2024 (sexta-feira) às 20h – TEATRO SESC ROSINHA DE VALENÇA
Av. Professora Silvina Borges Graciosa, 44, Valença – RJ, 27600-000
19/07/2024 (sexta-feira) a definir – SESC RAMOS
Rua Teixeira Franco, 38 – Ramos, Rio de Janeiro – RJ, 21060-130
Ingressos: R$ 10,00 (inteira), R$ 5,00 (meia-entrada) e gratuito (credencial plena Sesc e público PCG). Teatro Sesc Rosinha de Valença: gratuito