Sun. Oct 5th, 2025

Na capa da Energy Mag desta quarta-feira (01), temos o artiste indie LGBTQIA+ não-binárie Keruv Araiot. No dia 03, Keruv lança em todos os aplicativos de música o single “Nuvens Espaciais”, pela Marã Música. A canção chega como um mergulho em sonoridades do indie psicodélico, carregada de atmosferas eletrônicas e sintetizadores que expandem ainda mais a sua identidade musical.

Segundo o artiste, a faixa nasceu a partir de uma sensação de encantamento que se transforma em som: “’Nuvens Espaciais’ veio dessa ideia de uma ‘atmosfera’ que a gente sente quando pensamos naquela pessoa que a gente gosta. Quando ela está perto, sentimos essa vibe atmosférica de estar apaixonado”.

A construção da música também foi marcada por um processo criativo intenso e repleto de experimentações. “Quando comecei a compor, veio um conjunto de acordes que tinha criado e pensei no ritmo que poderia ser a melodia. Daí as ideias, as letras e os versos foram se encaixando. O produtor chegou a fazer umas três versões, mas na quarta eu imediatamente senti que seria a definitiva, pois nela conseguimos traduzir bem o que senti quando escrevi a letra”, explica Keruv.

Composta por Keruv Araiot e produzida em parceria com Caio Rennó, a faixa transmite alegria e amor, incorporando elementos eletrônicos que apontam para uma nova fase do artista.

O single é também resultado de um importante marco na trajetória do artiste: o projeto foi contemplado pela PNAB Aldir Blanc da cidade natal de Keruv, Itajubá, no sul de Minas Gerais. A aprovação veio de forma especial, já que inicialmente Keruv não havia passado de primeira, conquistando a vaga apenas como suplente na segunda chamada.

Confira uma entrevista exclusiva sobre o novo trabalho:

“Nuvens Espaciais” mergulha em atmosferas eletrônicas e psicodélicas. O que essa faixa representa para você nesse momento da sua trajetória artística e pessoal?

Descoberta e inovação, primeiro porque eu tinha em mente de que minha voz não combinaria mto com essa batida mais eletrônica, estava acostumada com guitarra com distorção, bateria acústica, um baixo estralando e pra mim isso já era muito, e descobrir que pode sim dar certo explorando esse lado do eletrônico acho bacana demais, estamos na era da tecnologia e não vejo o porquê não ter vantagem em usar isso ao meu favor na música. A psicodelia na música já fazia parte do meu trabalho, como a música “abstrato” que lancei em parceria com a banda @velhosaspargos ali já veio uma pitada da guitarra distorcida trazendo essa vibe.

Você contou que a música nasceu de uma sensação de encantamento. Como foi transformar esse sentimento em acordes, versos e sonoridades até chegar à versão final?

Foi simples, mágico e terapêutico, porque tem muitas pessoas que sentem dificuldade em expressar seu sentimentos, e acho muito importante expressar nosso amor a quem amamos. Transformar isso em versos foi intenso, pois eu quis não só trazer o amor romântico mas também enfatizar o sentimento pela nossa América, comparando com o paraíso. Ela também traz uma referência a uma outra música minha “Eu Não Tenho Ninguém” pois tem uma parte dela que fala “mas antes de ir embora diz que a vida tem suas fases como as cores do arco – íris” essa música passa reflexão de estarmos sozinhos, sem apoio e de ninguém estar ao nosso lado, já na “Nuvens Espaciais” na parte que diz “mas antes de ir embora lembre de nós a sós numa tarde bela”, já passa essa essa esperança de encontrar alguém para estar nos momentos de fase como as cores do arco íris remetendo cada cor a um momento da vida, até estar numa tarde bela. Como depois da chuva, vem o sol.

O single foi contemplado pela PNAB Aldir Blanc em Itajubá, sua cidade natal. Como esse apoio impactou a continuidade do seu trabalho autoral e o quanto esse reconhecimento é especial na sua jornada independente?

Eu não passei logo de cara na primeira fase, fiquei um pouco triste, até porque eu não tenho condições financeiras para dar continuidade ao meu trabalho. Fiquei de suplente, mas foi só na segunda chamada que conseguir passar. É muito especial para mim ter esse apoio, porque é com a verba que consigo contratar um produtor musical e agora pela primeira vez tendo um contrato com uma assessoria musical. Isso dá de entender pra mim, que por forças maiores, o universo está conspirando e me fazendo acreditar que sonhos podem sim se tornar realidade, mas por trás também vem de muita força de vontade e resistência. Até porque ser artista não é fácil, ainda mais sendo independente, é tipo nois por nois. E ter essa vantagem é como acreditar cada vez mais no meu potencial.

Sua obra transita entre indie, folk, rock alternativo, psicodélico e MPB. De que forma essa mistura de influências ajuda a construir a identidade única que você vem apresentando ao público?

O Brasil já tem essa vantagem, com muitas misturas culturais, e acho muito necessário manter essa dinâmica entre, ritmos e gêneros musicais. Eu não quero ser reconhecida somente por “aquele artista que canta mpb” mas por “aquele artista que tem várias músicas de estilos diferenciados” por que até então ser diferente é um ponto enigmático.

Sobre:

Natural de Itajubá, na Serra da Mantiqueira (MG), Keruv Araiot começou sua caminhada no cenário independente em 2020 com o single de estreia “To Fly”. Em seguida, lançou a faixa “Abstrato”, em parceria com a Fábrica de Cultura do Capão Redondo (SP) e distribuição da Tratore, além de uma nova versão colaborativa, “Abstrato 2.0”. Mais recentemente, o artiste lançou o EP “Habite-se”, contemplado pelo edital da Lei Paulo Gustavo em Itajubá, e realizou sua primeira apresentação oficial em festival, marcando o início de sua experiência ao vivo com banda. Keruv também participou do Concurso Toca Aí, realizado no Pátio Metrô São Bento, em São Paulo, chegando às seletivas e eliminatórias.

Com influências que transitam entre indie, folk, rock alternativo, psicodélico e MPB, Keruv segue consolidando sua identidade artística, trazendo sua vivência e sensibilidade para um som único e cada vez mais amplo.

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