A trajetória do cantor e compositor Piêit é marcada por superação, resiliência e autenticidade, valores que permeiam suas canções e o tornaram uma das vozes mais representativas do cenário indie e pop nacional. Em entrevista exclusiva à Energy Mag, Piêit compartilhou os desafios e vitórias de sua carreira, destacando sua jornada como artista LGBTQIA+ em uma indústria muitas vezes excludente. Com seu próximo lançamento, o single “Cara e Coragem e Sem Money”, que chega em todas as plataformas digitais pela Marã Música, ele reflete sobre as dificuldades financeiras e pessoais que enfrentou ao longo de sua trajetória. Disponível a partir de 13 de setembro, a faixa promete conectar ouvintes que enfrentam suas próprias batalhas diárias, oferecendo uma mensagem de esperança e força interior.
Durante a entrevista, Piêit revelou momentos críticos de sua carreira, como o episódio que quase o fez desistir após promessas não concretizadas de empresários, e como conseguiu se reerguer e seguir em frente. Ele também falou sobre a colaboração com o produtor Braz, que trouxe uma atmosfera densa e tocante ao novo single, misturando indie e rock de forma inovadora. Leia abaixo!
Fotos: Divulgação
Em “Cara e Coragem e Sem Money”, você aborda sua jornada pessoal de superação e resiliência na música. Poderia compartilhar um momento específico de sua carreira que realmente testou sua determinação e como você o superou?
Durante esses 10 anos de carreira eu tive vários momentos em que tive vontade de desistir, por ser um artista do interior de Minas Gerais, onde não havia recursos ou profissionais para cuidar de carreira, ou também pelo fato de não ter grana e saber que o universo da música envolve muita grana. E claro, as dificuldades de ser um artista LGBTQIAPN+. Mas teve um fato que foi difícil. Quando lancei a música KARMA, o videoclipe dela foi visto por 50 mil pessoas na primeira semana e chamou a atenção. E o empresário do Lucas Lucco na época, entrou em contato comigo e disse: “Não assina nenhum contrato por agora que vou mexer seu doce, dando a entender que pegaria minha carreira para cuidar. Só me da uns dois meses que eu tô mudando meu escritório de cidade e a gente volta a conversar”. Ali eu fiquei em êxtase, pensa: eu, do interior, um artista gay, tinha conseguido chamar a atenção de empresário do ramo que disse pra eu esperar e não assinar com ninguém pq ele me queria como artista. Assim o fiz, aguardei, dois meses depois mandei mensagem. Três meses depois mandei de novo. Quatro meses depois ele simplesmente me respondeu que tava pegando uma outra dupla sertaneja pra empresariar e que não iria rolar mais. Aí eu fui pro chão, porque eu vivo em função do meu sonho. Eu criei uma expectativa muito grande de quem a minha carreira iria acontecer ali com o que ele me tinha dito. E quando vi que não ia rolar, fique muito mal, custei a me reerguer e continuar gerando meu sonho. Hoje posso dizer que superei, porque isso não me parou, mas fiquei sentido, me senti descartado na época. Mas isso não me parou e aqui estou, com 10 anos de carreira profissional, ainda na luta, ainda acreditando pelo meu sonho.
A produção de “Cara e Coragem e Sem Money” mistura indie com elementos de rock, criando uma sonoridade distinta que complementa a mensagem da música. Como foi o processo de colaboração com o produtor Braz para alcançar esse som específico?
Essa música é uma composição recente que eu estava esperando o momento de completar 10 anos de carreira pra lançar ela. Levei ela pro estúdio um dia, mostrei pro Braz, ele curtiu muito ela e decidimos colocar ela no EP. Ela era uma versão diferente mas decidimos produzir uma nova versão dela. Trabalhar com Braz foi um grande prazer, ele é um produtor muito foda, que conseguiu entender bem minha sonoridade, e a melhorou. Fluiu bacana demais. Outro fato que eu amei é que conseguimos trazer um pouco da veia do rock presente nos meus primeiros EPs pra essa música. Quem é fã desde o início, vai se emocionar com essa música. Sou muito grato e feliz por ter escolhido ele pra fazer esse EP “Ícaro”.
O videoclipe de “Cara e Coragem e Sem Money” será lançado verticalmente, uma escolha inovadora que destaca Goiânia. Quais foram os desafios e vantagens de gravar um videoclipe neste formato e como você acredita que isso ajudará a fortalecer sua conexão com o público?
Muitos artistas tem reclamado da entrega do Youtube em relação aos clipes. Eu me espelhei numa artista que sou muito fã, a Duda Beat, que lançou um clipe na vertical recentemente. É muito importante pro artista, hoje em dia, saber usar as redes sociais a seu favor. Você conquista uma base de fãs pelas redes sociais, e plataformas como TikTok e Instagram, além de entregarem mais os seus vídeos para as pessoas, é onde o público está. Então dessa vez decidimos inovar e lançar todos os clipes nas redes sociais. Todo nosso investimento de divulgação será direcionado para as redes sociais. O diretor do clipe Sandrow Almeida da Âncora Filmes é muito foda e experiente, já trabalhou com Pabllo Vittar e Francisco El Hombre, então acredito que os desafios foram os mesmos da gravação de um clipe normal, só que na vertical. Mas ele tirou isso de letra e o resultado tá lindo. Eu acredito que lançar nas redes sociais hoje, é uma vantagem, pois ali tenho acesso direto aos fãs, posso faze uma cobertura através dos stories, me aproximar deles, me conectar melhor do que só lançar no Youtube e ter que fazer com que eles saiam da plataforma para assistir lá. Então acredito que vai facilitar o caminho.. Se foi uma escolha certa ou não, verei só depois com os resultados, mas foi o que sentimos de fazer no momento.
Você mencionou que a música fala sobre a força interior e resiliência que todos possuem. Em que maneiras você espera que “Cara e Coragem e Sem Money” inspire seus ouvintes, especialmente aqueles que podem estar enfrentando dificuldades em suas próprias vidas?
Por 10 anos, enfrentei o desafio de construir minha carreira na música, mesmo com o dinheiro escasso e as dificuldades pareciam insuperáveis. Essa música é densa, honesta e bem sentimental. Ela reflete minha jornada, desde cedo quando eu via minha mãe lutando para pagar as contas até os momentos em que me encontrei sozinho na estrada, cantando minhas verdades só com o que me restava, a esperança no coração de um talvez dar certo. Essa dor e a luta constante para seguir em frente, mesmo sem recursos, inspiraram cada verso de “Cara e Coragem e Sem Money”. Hoje continuo sentindo vários desafios e obstáculos: o fato de ser um artista gay, o fato de ser um artista que está com 37 anos, o fato de passar a maior parte da minha carreira no interior onde eu não tinha possibilidades de alcançar novos patamares. A música fala sobre aceitar a imperfeição, encontrar força nas adversidades e nunca desistir, não importa o quão difícil a jornada se torne. Então acredito, que vai inspirar as pessoas a não desistirem dos seus sonhos, a terem coragem e força para continuarem acreditando mesmo quando tudo parecer impossível.