Tue. May 20th, 2025

Estampando a nova capa digital da Energy Mag, o trio potiguar de rock, Far From Alaska, formado por Emmily Barreto (vocais), Cris Botarelli (Steel Guitar, Sintetizador e vocais) e Rafael Brasil (guitarra), lança “3”, seu novo álbum, que chega em 14 de março em todos os apps de música pela Marã Música, marcando um verdadeiro ponto de virada na trajetória da banda. 

O disco foi concebido em meio aos desafios impostos pela pandemia de 2020, quando o isolamento e a incerteza global criaram o cenário perfeito para uma profunda reinvenção artística. Em um momento em que a rotina se desfez e a esperança parecia distante, os integrantes do Far From Alaska decidiram “limpar a agenda para compor o disco, alugar um estúdio e aí, fechou tudo, quarentena, tudo que já sabemos”, dando início a uma jornada que misturaria o tradicional com o inovador.

Durante aqueles meses de espera e angústia, a necessidade de continuar criando levou a banda a explorar territórios antes inimagináveis. “Passamos aqueles primeiros meses na espera de que as coisas melhorassem, mas à medida que não melhoravam – ao contrário, só pioravam – a angústia aumentou, e a gente teve que procurar uma alternativa para continuar compondo”, relatam os integrantes.

Foi nesse cenário que o trio se lançou no universo on the box, ou seja, na criação musical através do computador. Para uma banda acostumada com a energia dos shows ao vivo e a intensidade de tocar no último volume, essa mudança representou um verdadeiro mergulho de cabeça em uma estética totalmente nova, com o uso de instrumentos e sons virtuais que, inicialmente, enfrentaram certa resistência.

O resultado desse processo é um álbum que se transforma em uma experiência sonora única, capaz de expandir os horizontes tradicionais do rock. A sonoridade de “3” transita entre o “roqueiro eletrônico” e elementos mais pop, reggae, hyper pop e até um surpreendente cyber xote – um gênero que, segundo a banda, ganha vida neste trabalho inovador. Essa fusão de estilos revela não apenas uma nova “skin mais eletrônica”, mas também um lado da banda que, embora sempre presente, nunca tinha sido explorado com tamanha profundidade.

Para enriquecer ainda mais o processo criativo, o Far From Alaska decidiu sair do controle total das composições e convidar parceiros especiais para colaborar. Nomes como Lucas Silveira (Fresno), Gabriel Souto – que já percorreu diversos caminhos musicais com projetos como DuSolto e Luísa e os Alquimistas – e Izzy Castro (Twin Pumpkin) entraram na mistura, ajudando a organizar as ideias e a compor junto.

Após o lançamento diluído em EPs com três faixas, a expectativa é que “3” seja finalmente ouvido em sua totalidade, permitindo que o ouvinte embarque em uma narrativa musical que conduz por diferentes moods e experiências. Cada faixa foi pensada para compor uma jornada sonora, onde a diversidade de ritmos e estilos se encaixa perfeitamente para criar uma atmosfera única. Inclusive, a banda brinca ao recomendar que o álbum seja escutado enquanto se pratica alguma atividade física – uma sugestão que reforça a energia contagiante e a versatilidade do novo trabalho.

Confira detalhes deste novo trabalho em uma entrevista exclusiva com o trio:

“3” representa um grande ponto de virada para o Far From Alaska, tanto na sonoridade quanto no processo criativo. Como foi para vocês essa transição para a produção musical digital e quais foram os maiores desafios e aprendizados ao mergulhar nesse novo universo sonoro?

Esse disco foi composto durante a pandemia e ela acabou ditando essa nova forma de compor, de pensar música, através do computador, de instrumentos virtuais e etc. Já que não podíamos nos encontrar pra compor em estúdio como sempre fizemos, tivemos que abrir a cabeça pra esse jeito novo (pra nós), algo que pouco tempo antes a gente abominaria. Somos uma banda muito orgânica e não gostávamos muito de “interferências virtuais” no som. Ao mesmo tempo, a gente entende que as composições são retratos de um recorte temporal, e isso ajudou a gente a mergulhar de cabeça na música digital, porque, afinal, o que não dava era pra ficar sem música e, na pandemia, era o que podíamos fazer. No fim das contas acabamos nos apaixonando por esse processo e ficamos supresos com o quanto curtimos o resultado final. Temos muito orgulho desse disco.

O álbum apresenta uma fusão ousada de estilos, desde o rock eletrônico até o hyper pop e até um inusitado “cyber xote”. Como surgiu essa mistura de influências e de que forma vocês equilibraram essa diversidade sem perder a identidade da banda?

Essa mistura de influências faz muito parte do nosso dna como pessoas mesmo. Sempre fez. e a gente sempre fez questão de não reprimir essa mistura toda. Ela é natural, e é por isso que a gente consegue passear em diferentes estilos ao longo da nossa trajetória sem “perder a identidade” da banda. Porque a identidade somos nós, na verdade. E não o som. Tivemos sempre o cuidado de não sermos escravos de uma “fórmula de nós mesmos” e seguimos assim, livres pra fazer o que temos vontade no momento presente. essa era é eletrônica, a próxima? Nem nós sabemos ainda!

Créditos: Rafael Novak

Vocês abriram espaço para colaborações com artistas como Lucas Silveira, Gabriel Souto e Izzy Castro. Como essas parcerias impactaram o resultado final do álbum e o que vocês aprenderam ao dividir o processo criativo com outros músicos?

Como o mundo musical digital era algo muito novo pra gente, esses parceiros foram essenciais pra nos ajudar a traduzir as ideias novas que surgiam dentro dessa estética eletrônica, já que a gente tinha zero experiência nisso! A gente aprendeu muito com cada um e estivemos muito abertos durante todo o processo (como nunca antes) pra dividir nossas composições. Foi muito colaborativo e muito massa de viver!

Após mais de uma década de trajetória, o Far From Alaska continua se reinventando e expandindo horizontes. Olhando para o futuro, como vocês enxergam essa nova fase da banda e quais são os próximos passos que podemos esperar após o lançamento de “3”?

O futuro é agora, a gente tem o costume de se jogar de cabeça nas “eras” dos nossos trabalhos e com o 3 não vai ser diferente. Estamos muito orgulhosos desse disco, são muitas das melhores canções que fizemos até aqui, e tirar tudo isso da cartola num formato que a gente tinha zero familiaridade foi uma experiência inesquecível! se arriscar e se reinventar é parte imprescindível do nosso amor por compor juntos e acho que essa é a nossa única constante. O futuro dirá o que vamos nos tornar e o que vamos estar empolgados de construir, por agora, é o 3!

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